ARTIGOS
Large hipospadia02

Hipospádia

Muitos pais ficam aterrorizados quando recebem a notícia que seu filho nasceu com alguma alteração física, ainda mais quando a alteração possui um nome extremamente incomum como a hipospádia. Afinal este é um momento de alegria, este tipo de informação é difícil de aceitar e sempre vem carregado de dúvidas, medos e incertezas. Desta forma escrevemos este texto para poder tirar algumas dúvidas dos pais.
O termo hipospádia é utilizado para definir um tipo de defeito no pênis diagnosticado ao nascimento. Trata-se do desenvolvimento incompleto do pênis e da uretra, que acontece durante o desenvolvimento da criança dentro do útero da mãe.
Esta alteração ocorre na frequência de 1 nascimento a cada 250 partos, sejam partos normais ou cesarianas, tornando esta alteração algo frequente. O diagnóstico é muitas vezes realizado na sala de parto, porém, algumas vezes pode passar despercebido ou ser confundido com outras alterações da genitália do recém-nascido. É importante que toda alteração da genitália infantil seja encaminhada para avaliação do urologista pediátrico.
A uretra é o canal que leva a urina da bexiga até a glande do pênis. Hipospádia é o defeito da uretra onde a criança ao invés de urinar pela ponta dos pênis, apresenta a saída da urina no meio do pênis ou até mesmo no escroto, como podemos visualizar na ilustração ao lado as diferentes posições em que a uretra pode se localizar no pênis com hipospádia. Em tendo essa alteração, pode ocorrer prejuízo no controle ou no aprendizado da toalete da criança no período da retirada da fralda.
Associado ao defeito da uretra pode existir uma curvatura peniana em direção aos pés da criança. Esta tortuosidade pode ser discreta em alguns casos, sendo perceptível apenas quando ocorre a ereção do pênis. Em outras ocasiões é mais acentuada dando a aparência que a criança tem um pênis muito pouco desenvolvido ou até mesmo confundido com uma genitália ambígua. A angulação do pênis é mais grave quanto mais baixa for a localização da uretra da criança, de forma que defeitos com mais de 30 graus de inclinação necessitam de técnicas cirúrgicas mais refinadas para sua correção.
O tratamento da hipospádia é sempre cirúrgico pois não visa apenas a correção estética da curvatura peniana e da posição do canal da urina, mas irá permitir que as crianças cresçam com sua autoestima intacta com relação a genitália e a sexualidade, bem como evitar problemas futuros de fertilidade e alterações urinárias. Muitas vezes o aspecto estético ao final da cirurgia se assemelha ao de pacientes que foram submetidos a cirurgia de circuncisão.
Ao longo da história da medicina, muitas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas, desde os primeiros escritos médicos da época dos egípcios até os dias atuais. Atualmente a correção da cirúrgica da hipospádia deve ser realizada de preferência em crianças de 6 meses a 1 ano de idade, devido as características anatômicas, tamanho e maleabilidade dos tecidos e da rápida recuperação tecidual que essas crianças possuem nessa faixa etária,
Nos dias atuais, com os avanços das técnicas e dos materiais, o número de complicações cirúrgicas na correção das hipospádias classificadas como distais (onde o defeito do canal da urina é mais próximo da ponta do pênis) reduziu para menos de 10% dos casos operados. Além disso as complicações podem ser tratadas no consultório ou no ambulatório.
Com relação às hipospádias proximais (onde o canal da urina se localiza no meio do pênis ou abaixo) a necessidade de mais de uma cirurgia para corrigir completamente o defeito é frequente, pois nesses casos a tortuosidade peniana é acentuada e o canal da urina pode ser muito curto, o que irá exigir do urologista pediátrico técnicas de cirurgia plástica, utilização de enxertos e curativos especiais, para que se possa estender o canal da urina e consertar a tortuosidade peniana.
Em suma, vimos que apesar deste nome pouco comum, a hipospádia é um defeito relativamente frequente, que na grande maioria das vezes é identificado no momento do parto ou no berçário e o tratamento cirúrgico com o urologista pediátrico deve ser sempre realizado para a preservação da estética e do correto funcionamento do pênis.