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Large hepatites

Hepatites Virais

As hepatites virais são enfermidades cosmopolitas, presentes em todos os continentes, atingindo uma prevalência mundial de aproximadamente 240 milhões de infectados pelo vírus da hepatite B (HBV) e 150 milhões pelo vírus da hepatite C (HCV). São responsáveis por 600.000 e 400.000 óbitos diretos e indiretos, respectivamente pelo HBV e HCV. Muitos desses indivíduos cronicamente infectados não apresentam sintomas na maioria das vezes (ou os relacionam a outras doenças) e se tornam fonte de infecção para outros do seu convívio.
A hepatite B possui uma chance de cronificar inversamente proporcional à idade, ou seja, recém-nascidos e pré-escolares apresentam poucos sintomas e descobrem sua infecção anos após, enquanto adolescentes e adultos apresentam quadros agudos bastante sintomáticos (febre, cefaleia, mialgia, dor abdominal, náuseas, vômitos, icterícia), possuindo uma chance aproximada de 95% de cura espontânea. Sua transmissão é na grande maioria pela via sexual, principalmente quando associado a outras DST´s, entre elas a infecção pelo HIV. Contato com sangue contaminado dos indivíduos infectados também pode facilitar essa transmissão, assim como pela via vertical da gestante infectada para o recém-nascido, caso não sejam tomadas medidas profiláticas em tempo hábil.
Já a hepatite C, cuja chance de se tornar crônica chega perto dos 80%, possui poucos casos sintomáticos na forma aguda após a infecção primária e com pequena possibilidade de cura espontânea. Seus principais fatores de risco estão relacionados ao contato com sangue contaminado direta ou indiretamente, neste último caso ao compartilhar material de higiene pessoal (alicates, tesourinhas, serras de unha, escovas dentais, lâminas de barbear, etc.), além de material não esterilizado em estúdios de tatuagens e piercing, assim como clínicas de acupuntura. Segundo campanha do Ministério da Saúde, apoiada pelas Sociedades Brasileira de Infectologia e de Hepatologia, todos os indivíduos com 45 anos ou mais, devem fazer o teste para hepatite C, uma vez que o HCV só foi descoberto em 1989 e os testes de triagem passaram a estar disponíveis à população apenas após a década de 1990.
Ambas as hepatites B e C tem tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita e a chance de cura varia de acordo com o vírus, o genótipo (ou subtipo) viral, a carga viral, o grau de fibrose hepática e o medicamento escolhido para o tratamento. Para os casos não tratados e que persistem com a infecção por anos durante a vida, a inflamação e necrose contínua dos hepatócitos (células do fígado) proporcionam uma deposição de colágeno persistente, causando fibrose de graus variados e progressivo, evoluindo em alguns casos para o câncer de fígado, o que gera transtornos imensos para o paciente.
Para prevenção dessas hepatites, existe uma vacina contra hepatite B disponível no SUS (em três doses) para todos os indivíduos de 0 a 49 anos de idade, além de alguns grupos de risco como profissionais da saúde, agentes penitenciários, cuidadores de idosos, bombeiros, pacientes com outras doenças hepáticas, entre outros. Por outro lado, infelizmente, não há vacina disponível contra hepatite C nos dias atuais. Uso de preservativo nas relações sexuais e o não compartilhamento de materiais de higiene pessoal em salões de beleza, assim como o uso de materiais esterilizados em procedimentos cirúrgicos e controle em bancos de sangue, são medidas que visam diminuir o risco de infecção pelo HBV e HCV no nosso cotidiano.
Na dúvida, faça o teste!