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Large cancer de colo uterino

Câncer de Colo Uterino: Vilão ou Descuido?
Prevenção é um gesto de amor à Vida

A palavra assusta, dá medo e muitas vezes não queremos nem falar. Quem já não ouviu: “Ela está com aquela doença”, uma frase que sentencia quem está doente, cria desesperança. O câncer pode ser grave, mas é importante saber que se tratado no início, as chances de cura são grandes. Por isso, é melhor voltarmos pra aquela frase também antiga e que é muito sábia: “Prevenir é melhor que remediar.” Isso mesmo! Prevenção é a palavra-chave quando falamos em câncer. Nessa matéria chamarei a atenção para um câncer que dedicamos esse MÊS DE MARÇO LILÁS “Prevenção é um gesto de amor à Vida”: o CÂNCER DE COLO UTERINO, câncer este que podemos prevenir e caso ocorra, se detectado em fases iniciais, tem alta chance de cura.

ENTÃO COMO PODEMOS PREVENIR O CÂNCER DE COLO UTERINO?

Em 99% dos casos, esta doença está relacionada ao vírus HPV (Papilomavírus Humano), um vírus sexualmente transmissível. Por isso, a maneira que temos para prevenir e diminuir o número de casos é evitando-se a infecção pelo HPV, através da vacinação e uso de preservativo ou após a ocorrência dessa infecção, por meio do exame preventivo ginecológico Papanicolau e/ou o teste de HPV . Com o Papanicolau é possível descobrir precocemente se uma mulher tem lesões precursoras (que surgem antes) do câncer do colo do útero. Caso tenha, essas lesões devem ser tratadas, conforme a orientação médica para que não evoluam para o câncer. Uma outra maneira é flagrar a presença do vírus antes de ele causar estragos e este exame é o teste de HPV. Por meio de uma coleta semelhante à do Papanicolau, o ginecologista fica sabendo, dias após a realização do exame, se a paciente carrega esse inimigo microscópico. Ele identifica a presença do DNA de diferentes subtipos de HPV no colo do útero, isso significa que o exame é capaz de, digamos, denunciar qual “versão do vírus” invadiu a paciente. Mas por que isso é importante? Ora, alguns subtipos — principalmente o 16 e o 18 — são associados ao câncer de colo de útero. Já outros, como o 6 e o 11, provocam verrugas genitais. Obviamente, saber contra qual adversário você está lidando ajuda a determinar os próximos passos. O resultado positivo não vai necessariamente exigir cirurgias ou procedimentos invasivos, e sim uma maior atenção para pegar eventuais lesões iniciais. Atualmente, ele integra o rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Isso quer dizer que é ofertado a quem possui um seguro privado. No momento, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o Papanicolau para a triagem do câncer de colo de útero.

A PARTIR DE QUE IDADE E COM QUAL FREQUÊNCIA DEVE REALIZAR OS EXAMES DE PREVENÇÃO?

De acordo com as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, lançadas pelo Inca em 2011, devem-se submeter ao exame de Papanicolau a mulheres a partir de 21 anos que já tenham iniciado a vida sexual, sendo com uma frequência de a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. O rastreamento segue dessa forma até os 64 anos, desde que os últimos resultados não tenham acusado sinais suspeitos – aí, a periodicidade deve ser discutida com o médico. Mas atenção: mulheres acima dos 64 anos que nunca colheram o Papanicolau devem realizar dois exames com intervalo de até três anos. Se estiver tudo certo, aí sim estão liberadas. Já o teste de HPV os especialistas alertam que não deve ser feito em quem está no início da vida sexual. Isso porque, nesse grupo, a prevalência do vírus é muito alta. Na maioria dos casos, o próprio sistema imunológico da paciente elimina o vírus depois de alguns anos. Esse tipo de vírus “provisório” é geralmente inofensivo. Só quando ele se torna persistente é que oferece maior risco para o câncer, por isso recomenda-se que só se faça o exame em mulheres com mais de 30 anos.

E A VACINAÇÃO CONTRA O HPV COMO FUNCIONA?

O HPV é um vírus que causa o câncer não só no colo do útero, mas também na vulva, vagina, ânus, pênis e até na cavidade oral. Desde 2014 essa vacina faz parte do calendário nacional de imunização, sendo realizada gratuitamente pelo SUS nas meninas e meninos dos 9 aos 15 anos incompletos. Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer.
A vacina também pode ser tomada por pessoas com idades superiores, entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. Ela está indicada para:

• Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos de idade, se for a vacina quadrivalente, ou qualquer idade acima dos 9 anos, se for a vacina bivalente (Cervarix);

• Meninos e homens entre 9 e 26 anos de idade, com a vacina quadrivalente (Gardasil);

• Meninos e meninas entre 9 e os 26 anos de idade, com a vacina nonavalente (Gardasil 9).

A vacina pode ser tomada mesmo por pessoas que fazem tratamento ou já tiveram infecção pelo HPV, pois ela pode proteger contra outros tipos de vírus HPV, e prevenir a formação de novas verrugas genitais e risco de câncer.
Converse com seu médico sobre essa vacina e ATENÇÂO a vacinação não elimina a necessidade da prevenção por meio do rastreamento com o papanicolau, pois as mesmas não oferecem proteção para 30% dos casos de câncer do colo do útero causados por outros tipos de HPV oncogênicos.

DESENVOLVEU O CÂNCER DE COLO UTERINO E AI ? TEM SINTOMAS?

A grande maioria das mulheres com esse câncer em sua fase inicial é ASSINTOMÁTICA, ou seja, não sente NADA. Daí a importância do exame preventivo que já falamos acima, pois será esse exame que irá detectar o câncer em sua fase inicial quando a chance de cura é alta. Porém para aquelas mulheres que não realizam a prevenção ou que não dão importância para as alterações em seu corpo, poderão ter um câncer de colo uterino que deixará de ser silencioso, crescerá e trará sinais e sintomas como: SANGRAMENTO VAGINAL ANORMAL ou DURANTE A RELAÇÃO SEXUAL e CORRIMENTO VAGINAL DE CHEIRO RUIM.

E NA SUSPEITA DE UMA LESÃO DE COLO UTERINO, COMO CONFIRMAR QUE SEJA UM CÂNCER?

Em mulher com alterações nas células colhidas com o exame de Papanicolau ou com lesões suspeitas ao exame ginecológico será submetida a uma Colposcopia. Neste procedimento o médico visualiza o colo do útero com a ajuda de um colposcópio, um instrumento com lentes de aumento, que permite a observação da superfície do colo do útero de perto e claramente.

A Colposcopia não é um exame doloroso, não tem efeitos colaterais, e pode ser feito com segurança, mesmo se a mulher estiver grávida. Se uma área anormal é detectada no colo do útero será realizada uma biópsia, que consiste na remoção de uma pequena amostra de tecido da área de aparência anormal. A biópsia é a única maneira de se saber com certeza se uma área anormal é um pré-câncer, um câncer ou nada significativo.

COMO É O TRATAMENTO DO CÂNCER DE COLO UTERINO?

O tratamento do câncer de colo uterino depende do estagio da doença, ou seja, em fases mais iniciais do câncer o tratamento será cirúrgico, porém em fases mais avançadas o melhor tratamento pode ser radioterapia associado à quimioterapia e naquelas onde a doença já se espalhou pelo corpo a quimioterapia será o melhor tratamento. Dai a importância da PREVENÇÂO e diagnóstico PRECOCE para que o tratamento tenha chance de cura.
O importante é entender que o câncer de colo uterino é um tipo de câncer com grandes chances de prevenção e se, mesmo assim, vier a desenvolver o câncer ele ainda pode ser diagnosticado em fases bem iniciais, onde ele ainda é microscópico, e detectado pelos exames acima descritos e com chances de cura que podem chegar até 100%. A palavra chave é se cuidar e qualquer dúvida ou sintoma procure um especialista.