A dor aguda é um dos principais mecanismos de defesa de que dispomos para mantermos a nossa integridade física, nos servindo de alerta diante de situações ou estímulos que gerem alguma lesão ao nosso organismo. Contudo, em um grande número de processos patológicos, a dor cronifica-se, assumindo um aspecto de autoperpetuação.
Qualquer dor que ocorra de maneira intermitente ou contínua, por mais de três a seis meses é considerada como dor crônica, independente de qual seja a área do corpo em que a dor se manifeste ou qual seja a sua intensidade. Nestes casos, a dor deixa de assumir o papel protetor que possui na fase aguda, deixando de ser um sinal de alerta, para tornar-se ela própria uma doença.
A dor crônica, portanto, não possui qualquer utilidade funcional ao organismo humano, sendo, ao contrário, fonte de disfunções físicas e psíquicas. Normalmente as pessoas acometidas de dores crônicas apresentam disfunções do humor, sendo frequentemente acometidas de sintomas de ansiedade e depressão, com baixa autoestima, desânimo e falta de otimismo diante da vida e irritabilidade excessiva. Adicionalmente, a dor pode gerar perturbações do sono e redução da libido, que culminam por intensificar a ocorrência de problemas secundários de ordem psicológica, além de problemas de convivência em família e em sociedade.
É comum que o paciente acometido de dor em alguma parte do corpo procure posturas corporais de defesa para minimizar a dor que sente. Nos casos de cronificação da dor, seguida da adoção continuada destas posturas, vemos frequentemente o surgimento de dores musculoesqueléticas em outras áreas do corpo, resultantes da adoção destas posturas corporais de defesa por um tempo prolongado. Nestes casos, a dor crônica seria a causa de outras dores crônicas. Em casos extremos, podem surgir neuropatias em decorrência de quadros de dor crônica, situações que impõem mais dificuldade ao tratamento.
Neste contexto, a Acupuntura aparece como um tratamento médico muito eficaz no tratamento da dor crônica. Não apenas pelo seu comprovado poder de redução e eliminação da dor, mas pelo fato de a Acupuntura, como ramo da Medicina Tradicional Chinesa, abordar de maneira global todos os problemas de saúde do paciente, agindo não apenas sobre a queixa principal do paciente, que é a dor, mas sobre todas as queixas secundárias comumente correlatas, como as queixas de sono; libido e problemas psicológicos. Trazendo assim, o paciente de volta ao seu estado de equilíbrio mental, fato tão importante para o sucesso do tratamento quanto o próprio combate à dor.
O mecanismo pelo qual a dor cronifica-se resulta da ativação progressiva, em série, de circuitos neuronais responsáveis por conduzir os estímulos de dor no sistema nervoso, gerando um fenômeno conhecido como “memória da dor”, pelo qual a dor se mantém ativa mesmo quando o fator que a desencadeou inicialmente já não está mais presente. A Acupuntura atua ativando os mecanismos corporais de controle da dor, através da ativação neuroendócrina de centros nervosos e vias neuronais, no sistema nervoso, que atuam para este fim. Quebrando, desta forma, o ciclo vicioso de perpetuação da dor.
A modulação neuroendócrina realizada pelo tratamento com Acupuntura age ainda nos centros nervosos responsáveis por estabilizar o humor e o sono, razão pela qual se consegue um efeito tão completo no tratamento da dor crônica e dos distúrbios secundários por ela provocados, praticamente sem efeitos colaterais.
É importante ressaltar que no Brasil, assim como na China, berço da Acupuntura, ela é uma especialidade médica, sendo, portanto, prerrogativa dos médicos pratica-la. Podendo ainda ser utilizada como técnica terapêutica por Odontólogos e Médicos Veterinários, cada um em sua área específica de atuação. Fato garantido por decisões judiciais definitivas das mais altas cortes do nosso país. Desta maneira, é primordial que o paciente ao procurar um tratamento com Acupuntura certifique-se de que irá tratar-se com um médico devidamente capacitado, como garantia de segurança e efetividade do tratamento a ser realizado.