A sepse do recém-nascido (sepsis neonatorum) é uma infecção bacteriana grave que se propaga por todo o corpo durante o primeiro mês de vida.
A sepse afecta pelo menos 1 % dos recém-nascidos, mas é responsável por 30 % das mortes produzidas durante as primeiras semanas de vida. A infecção bacteriana é cinco vezes mais frequente nos recém-nascidos que pesam menos de 3 kg do que nos nascidos no termo com peso normal. A sepse afecta o dobro de rapazes relativamente às raparigas. As complicações durante o nascimento, como a ruptura prematura das membranas, uma hemorragia ou uma infecção na mãe, expõem o recém-nascido a um maior risco de contrair este tipo de infecção.
Sintomas
Em mais de metade dos casos a sepse começa aproximadamente 6 horas depois do nascimento e dentro das 72 horas na grande maioria. A sepse que começa aos 4 dias do nascimento, ou posteriormente a este período, é provavelmente uma infecção contraída na maternidade do hospital (infecção nosocomial).
O recém-nascido com uma sepse costuma estar apático, não chupa com energia, tem uma frequência cardíaca lenta e uma temperatura corporal flutuante (baixa ou alta). Outros sintomas incluem dificuldades respiratórias, convulsões, nervosismo, icterícia, vómitos, diarreia e inchaço do abdómen. Os sintomas dependem do lugar em que se originou a infecção e até onde se estendeu.
Por exemplo, a infecção do coto do cordão umbilical (onfalite) pode causar uma saída de pus, pelo mesmo, ou uma hemorragia umbilical. A infecção da membrana que envolve o cérebro (meningite) ou um abcesso cerebral podem causar coma, convulsões, encurvamento e rigidez das costas ou abaulamento das fontanelas salientes (os dois espaços moles localizados entre os ossos do crânio). A infecção de um osso (osteomielite) pode limitar o movimento do braço ou da perna afectados. A infecção das articulações pode causar inchaço, calor, vermelhidão e dor sobre as mesmas. A infecção do revestimento do abdomen (peritonite) pode causar um inchaço do abdomen e diarreia com sangue.
Diagnóstico
O organismo que causa a infecção pode indentificar-se colhendo amostras de sangue e cultivando uma amostra de tecido de qualquer parte do corpo que esteja claramente infectada. Determinadas provas de análise de anticorpos podem ajudar a identificar o organismo. Também se examina microscopicamente e se cultiva uma amostra de urina em busca de bactérias. Se o médico suspeita que a pessoa pode ter meningite extrai-se líquido da espinal medula (punção lombar). Também podem recolher-se amostras dos ouvidos e do estômago para examiná-las microscopicamente.
Prognóstico e Tratamento
A sepse do recém-nascido trata-se com antibióticos que se administram por via endovenosa. O tratamento começa antes de se terem os resultados das análises laboratoriais, as quais determinarão mais tarde se é necessário mudar de antibiótico. Em casos pouco frequentes, o bebê também pode receber um preparado de anticorpos ou glóbulos brancos purificados.
Apesar dos antibióticos modernos e do cuidado intensivo, 25 % ou mais dos recém-nascidos com sepse morrem. O índice de mortalidade é duas vezes mais alto nos recém-nascidos pequenos do que entre os nascidos no termo e com peso normal.