Deficiência de Vitamina B1
A vitamina B1 (tiamina) é essencial para um certo número de reações que implicam enzimas, incluindo as que intervêm na obtenção de energia a partir da glicose. Boas fontes desta vitamina são a levedura, a carne de porco, os legumes e os cereais integrais. Pode-se verificar uma deficiência de vitamina B1 quando estes alimentos estão ausentes da dieta. Quando se mói o arroz para extrair a casca (polido), perdem-se praticamente todas as vitaminas. Os Asiáticos correm o risco de deficiência de vitamina B1 porque a sua alimentação consiste principalmente em arroz polido. Contudo, ferver o arroz antes de lhe tirar a casca faz com a vitamina que se dissemine por todas as partes do grão, preservando-a e conservando todas as suas propriedades.
Esta carência também pode ser o resultado de uma redução da absorção provocada por diarreia crônica ou por um aumento na necessidade de vitamina causado por situações tais como o hipertiroidismo, a gravidez ou a febre. As pessoas que sofrem de alcoolismo grave substituem o alimento por álcool, reduzindo desse modo o consumo de todas as vitaminas, incluindo a B1. Por conseguinte, essas pessoas correm o risco de desenvolver perturbações de deficiência nutricional.
Sintomas e Tratamento
Os sintomas iniciais manifestam-se sob a forma de cansaço, irritabilidade, perda da memória e do apetite, perturbações do sono, mal-estar abdominal e perda de peso. Finalmente, pode produzir-se uma carência importante de vitamina B1 (beribéri) caracterizada por alterações nervosas, cerebrais e cardíacas. Em todas as formas de beribéri altera-se o metabolismo dos glóbulos vermelhos e reduzem-se de maneira pronunciada os valores de vitamina B1 no sangue e na urina.
As alterações nervosas (beribéri seco) começam com uma sensação de picadas (formigueiro) nos dedos dos pés, uma sensação de ardor nos pés especialmente intensa durante a noite, cãibras musculares na barriga das pernas e dor nas pernas e nos pés. Quando a pessoa tem também deficiência de ácido pantoténico, os sintomas podem agravar-se. Os músculos da barriga das pernas podem enfraquecer. Endireitar-se converte-se numa manobra difícil e diminui a sensibilidade às vibrações dos dedos dos pés. Em alguns casos, os músculos da coxa e da barriga das pernas podem diminuir de tamanho (atrofia) e surgem pés e dedos dos pés pendentes (alterações em que o pé ou os dedos dos pés pendem flácidos e não se conseguem levantar) porque os nervos e os músculos não funcionam apropriadamente. Pode também aparecer a mão pendente.
As alterações cerebrais [a síndrome de Wernicke-Korsakoff ou beribéri cerebral] são muitas vezes o resultado de uma deficiência repentina e grave de vitamina B1 que se instaura sobre uma deficiência crônica já existente e que pode ser causada por uma ingestão excessiva de álcool ou por vômitos abundantes durante a gravidez. Os sintomas precoces de beribéri cerebral compreendem confusão mental, laringite e visão dupla. Posteriormente, o doente pode sofrer uma alteração do comportamento e inventar factos e experiências (fabulação) para preencher as lacunas da memória. Se a encefalopatia de Wernicke não for tratada (uma parte da síndroma de Wernicke-Korsakoff), os sintomas podem agravar-se, causando um estado de coma e até a morte. Trata-se de uma urgência médica cujo tratamento consiste na administração durante vários dias de vitamina B1 por via endovenosa em doses 100 vezes superiores à quantidade diária recomendada, seguida da administração por via oral da vitamina em doses de 10 vezes a quantidade diária recomendada até que os sintomas desapareçam. A recuperação é muitas vezes incompleta porque pode ocasionar um certo grau de lesão cerebral irreversível.
As alterações cardíacas (beribéri úmido) caracterizam-se por um aumento do volume de sangue expulso pelo coração, uma frequência cardíaca rápida e a dilatação dos vasos sanguíneos, fazendo com que a pele fique quente e úmida. Devido à carência de vitamina B1, o coração não pode manter este elevado volume de débito cardíaco e produz-se insuficiência cardíaca com distensão venosa, dispneia e retenção de líquidos nos pulmões e nos tecidos periféricos. O tratamento consiste na administração de vitamina B1 por via endovenosa numa dose 20 vezes superior à quantidade diária recomendada, durante 2 ou 3 dias, seguida da administração da vitamina por via oral.
O beribéri infantil surge nos lactentes amamentados por uma mãe com deficiência de vitamina B1. Esta doença caracteriza-se por insuficiência cardíaca, afonia e lesões dos nervos periféricos, caracteristicamente entre os dois e os quatro meses de vida. As alterações cardíacas em geral resolvem-se rápida e completamente quando são tratadas com vitamina B1.
Deficiência de Vitamina B2
A vitamina B2 (riboflavina) é importante em muitos processos celulares, especialmente nos implicados na produção de energia e no metabolismo dos aminoácidos. Boas fontes desta vitamina são os produtos lácteos, a carne, o peixe e as aves. A deficiência de vitamina B2 é pouco frequente, salvo nas zonas onde a alimentação é formada principalmente por arroz sem casca. Esta deficiência pode surgir nas pessoas que sofrem de alcoolismo, doenças hepáticas ou diarreia crônica.
Os sintomas mais frequentes são as feridas nas comissuras da boca, seguidas por gretas nos lábios que podem deixar cicatrizes. Caso se desenvolva candidíase (uma infecção por fungos) nessas zonas, podem aparecer manchas branco-acinzentadas. A língua torna-se vermelho-púrpura e gordurosa (saburrosa) e por vezes aparecem manchas na zona que se encontra entre o nariz e os lábios. Em certas ocasiões, crescem vasos sanguíneos no interior da córnea, provocando queixas quando há exposição à luz (fotofobia). Nos homens, inflama-se a pele do escroto.
Os sintomas desaparecem rapidamente quando se trata com suplementos de vitamina B2 até 10 vezes a quantidade diária recomendada.