Deficiência de Vitamina A
A vitamina A (retinol) encontra-se principalmente nos óleos de fígado de peixe, no fígado, na gema de ovo, na manteiga e nas natas. Os vegetais de folha verde e os amarelos contêm carotenóides, como o betacaroteno, o qual se converte lentamente em vitamina A no organismo. Uma grande parte da vitamina A do corpo armazena-se no fígado. Uma das formas da vitamina A (retinol) é um componente dos fotorreceptores (células nervosas que são sensíveis à luz) da retina. Outra forma de vitamina A, o ácido retinóico, mantém saudáveis a pele e o revestimento dos pulmões, do intestino e do aparelho urinário. Os medicamentos derivados da vitamina A (retinóides) são usados para tratar a acne grave e estão a ser objecto de investigação quanto a serem usados no tratamento de certos tipos de cancro.
A deficiência de vitamina A é frequente em zonas como o Sudeste asiático, onde o arroz sem casca, que carece de vitamina A, é a principal fonte de alimentação. Várias doenças que afetam a capacidade do intestino para absorver as gorduras e, portanto, as vitaminas lipossolúveis, como a doença celíaca, a fibrose quística e a obstrução dos canais biliares, aumentam o risco de desenvolver uma deficiência de vitamina A. A cirurgia do intestino ou do pâncreas pode ter o mesmo efeito.
Sintomas e Tratamento
O primeiro sintoma da deficiência de vitamina A é geralmente a cegueira noturna. Mais tarde, um depósito espumoso (manchas de Bitot) pode aparecer na zona branca do olho (esclerótica) e a córnea pode endurecer e apresentar crostas, uma afecção chamada xeroftalmia, que pode conduzir à cegueira permanente. Em certas doenças por desnutrição na infância (marasmo e kwashiorkor), a xeroftalmia é frequente não apenas porque a dieta carece de vitamina A, mas também porque a desnutrição calórico-proteica inibe o transporte de vitamina A. A pele e o revestimento dos pulmões, intestinos e aparelho urinário podem endurecer. A deficiência de vitamina A também produz inflamação da pele (dermatite) e aumenta a susceptibilidade às infecções. Algumas pessoas têm uma anemia leve. Em caso de deficiência de vitamina A, os valores desta no sangue diminuem até menos de 15 microgramas por 100 ml (o valor normal é de 20 a 50).
Esta deficiência é tratada administrando suplementos de vitamina A, em doses vinte vezes superiores à quantidade diária recomendada, durante três dias, seguidas por uma dose três vezes maior à QDR durante um mês. Neste momento do tratamento, todos os sintomas devem ter desaparecido. Uma pessoa que ainda tenha sintomas ao cabo de dois meses deveria ser estudada para afastar a hipótese de uma má absorção (alteração da absorção de nutrientes pelo intestino).
Excesso de Vitamina A
O excesso de vitamina A pode ser tóxico, quer seja tomada numa única dose (intoxicação aguda), quer durante um longo período (intoxicação crônica). Alguns exploradores do Árctico desenvolveram sonolência, irritabilidade, dor de cabeça e vômitos poucas horas depois de terem ingerido fígado de urso polar ou de foca, ambos ricos em vitamina A. Os comprimidos que contêm vinte vezes a quantidade diária recomendada de vitamina A, que se vendem para a prevenção e tratamento de certas doenças da pele, causaram ocasionalmente sintomas semelhantes, mesmo quando foram tomados sob prescrição médica.
A intoxicação crônica em crianças maiores e adultos é em geral provocada pela ingestão de grandes doses (dez vezes a quantidade diária recomendada) durante meses. A intoxicação pela vitamina A pode desenvolver-se nas crianças pequenas em poucas semanas. Os primeiros sintomas da intoxicação crônica são pouco cabelo e áspero, queda parcial das sobrancelhas, lábios gretados e pele seca e rugosa. Cefaleias intensas, hipertensão craniana e fraqueza generalizada são manifestações tardias. As protuberâncias ósseas e as dores articulares são frequentes, especialmente nas crianças. O fígado e o baço podem aumentar de tamanho. Se uma mulher tomar isotretinoína (um derivado da vitamina A usado para tratar afecções da pele) durante a gravidez, o filho pode apresentar malformações congênitas.
O diagnóstico de intoxicação pela vitamina A baseia-se nos sintomas e numa concentração anormalmente elevada de vitamina A no sangue. Os sintomas desaparecem quatro semanas após a interrupção da ingestão do suplemento de vitamina A.
Os betacarotenos, que se encontram em vegetais como as cenouras, transformam-se lentamente em vitamina A no corpo e podem ser consumidos em grandes quantidades sem que se produza intoxicação. O único efeito secundário observado é o aparecimento de um tom ocre nas palmas das mãos e plantas dos pés.