DOENÇAS
Miocardiopatia Restritiva

A miocardiopatia restritiva é um grupo de perturbações do músculo cardíaco que se caracterizam por uma rigidez das paredes ventriculares (que não estão necessariamente espessadas), o que provoca uma resistência ao enchimento normal do sangue entre os batimentos.

É a forma menos frequente de miocardiopatia e partilha muitos traços com a miocardiopatia hipertrófica.

A sua causa é desconhecida. Num dos seus dois tipos básicos, o músculo cardíaco é gradualmente substituído por tecido cicatricial. No outro tipo, o músculo é infiltrado por uma substância anômala, como os glóbulos brancos do sangue.

Outras causas de infiltração podem ser a amiloidose e a sarcoidose. Se o organismo contém muito ferro, este acumula-se no músculo cardíaco, como uma sobrecarga de ferro (hemocromatose). Por último, esta miocardiopatia poderá também ser consequência de um tumor que invada o tecido cardíaco.

Devido à resistência que o coração opõe ao enchimento, o volume bombeado é suficiente quando o doente está em repouso, mas não o é quando está a fazer um esforço.

Sintomas e Diagnóstico

A miocardiopatia restritiva provoca insuficiência cardíaca com dispneia e inchaço dos tecidos (edema). A angina de peito e o desfalecimento verificam-se com menos frequência do que na miocardiopatia hipertrófica, mas por outro lado são habituais as arritmias e as palpitações.

A miocardiopatia restritiva é uma das causas possíveis que se investigam no caso de uma pessoa ter uma insuficiência cardíaca. O diagnóstico baseia-se fundamentalmente no exame físico, no electrocardiograma (ECG) e no ecocardiograma.

A ressonância magnética (RM) pode proporcionar informação adicional acerca da estrutura do coração. O diagnóstico preciso requer o cateterismo do coração para medir as pressões e uma biopsia do músculo cardíaco (obtenção de uma amostra e a sua análise ao microscópio), que permita a identificação da substância que o infiltra.

Prognóstico e Tratamento

Cerca de 70 % dos doentes com miocardiopatia restritiva morrem antes dos 5 anos do aparecimento dos primeiros sintomas. Na maioria dos casos, não existe qualquer tratamento eficaz.

Por exemplo, os diuréticos, que normalmente se usam para tratar a insuficiência cardíaca, reduzem o volume de sangue que chega ao coração e agravam a situação, em vez de a melhorar.

Os fármacos normalmente utilizados na insuficiência cardíaca para reduzir a sobrecarga do coração não são úteis porque diminuem demasiadamente a pressão arterial.

Por vezes, a causa da miocardiopatia restritiva pode ser tratada para impedir que as lesões cardíacas se agravem ou inclusive para que regridam parcialmente.

Por exemplo, a extração de sangue com intervalos regulares reduz a quantidade de ferro armazenado nas pessoas com hemocromatose. No caso de uma sarcoidose, é recomendável a administração de corticoesteróides.