DOENÇAS
Miocardiopatia Hipertrófica

A miocardiopatia hipertrófica é um grupo de perturbações caracterizadas por uma hipertrofia ventricular (um espessamento das paredes dos ventrículos).

A miocardiopatia hipertrófica é hereditária em certos casos. Pode também surgir em doentes com acromegalia, uma doença que resulta da presença de uma quantidade excessiva da hormona do crescimento no sangue, ou com feocromocitoma, um tumor que produz adrenalina. As pessoas com neurofibromatose, uma doença hereditária, podem também desenvolver uma miocardiopatia hipertrófica.

Habitualmente, um espessamento das paredes musculares do coração representa uma reação do músculo face a um aumento do trabalho cardíaco. As causas mais frequentes são a hipertensão arterial, o estreitamento da válvula aórtica (estenose da válvula aórtica) e outras perturbações que aumentam a resistência à saída do sangue do coração. No entanto, os doentes com miocardiopatia hipertrófica não têm estas afecções. Por outro lado, o espessamento que se verifica nesta doença deve-se em geral a uma anomalia genética herdada.

O coração aumenta de espessura e torna-se mais rígido do que o normal, o que provoca uma maior resistência à entrada do sangue que provém dos pulmões. Uma das consequências é uma estase do sangue nas veias pulmonares, que pode provocar a acumulação de líquido nos pulmões e, em consequência, uma dispneia de forma crônica. Quando as paredes ventriculares se espessam, podem também obstruir o fluxo de sangue e impedir o enchimento adequado do coração.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas compreendem desfalecimento, dor torácica, palpitações produzidas pelos batimentos cardíacos irregulares e insuficiência cardíaca com dispneia. Os batimentos cardíacos irregulares podem provocar a morte súbita. O diagnóstico efetua-se a partir do exame físico. Por exemplo, os ruídos do coração que se ouvem com um fonendoscópio geralmente são característicos.

O diagnóstico costuma confirmar-se com um ecocardiograma, um electrocardiograma (ECG) ou uma radiografia do tórax. Se se considerar a possibilidade de uma intervenção cirúrgica, pode ser necessário efetuar um cateterismo cardíaco para medir as pressões dentro do coração.

Prognóstico e tratamento

Todos os anos morrem aproximadamente 4 % das pessoas que sofrem de uma miocardiopatia hipertrófica. A morte costuma surgir de forma súbita; o falecimento devido a uma insuficiência cardíaca crônica é menos frequente. É recomendável o aconselhamento genético no caso de a perturbação ser hereditária e se desejar ter descendência.

O tratamento é orientado para reduzir a resistência do coração ao seu enchimento entre os batimentos. O tratamento principal é a administração, em conjunto ou em separado, de betabloqueadores e de antagonistas dos canais do cálcio.

A intervenção cirúrgica em que se extirpa uma parte do músculo cardíaco aumenta a saída de sangue do coração, mas só é levada a cabo em doentes que apresentem sintomas incapacitantes, apesar do tratamento farmacológico. A cirurgia melhora os sintomas, mas não reduz o risco de morte.

Antes de efetuar uma intervenção odontológica ou cirúrgica, administram-se antibióticos para reduzir o risco de infecção do revestimento interno do coração (endocardite infecciosa).