A estenose da válvula mitral é um estreitamento da abertura da válvula mitral que aumenta a resistência ao fluxo da corrente sanguínea da aurícula esquerda para o ventrículo esquerdo.
A estenose mitral é quase sempre resultado da febre reumática. Nos países que contam com serviços sanitários e assistenciais com capacidade para manter as medidas preventivas adequadas, a estenose mitral é atualmente rara, com excepção de pessoas com idade avançada que sofreram de febre reumática durante a infância. Em países com uma estrutura sanitária insuficiente, a febre reumática é frequente e provoca estenose nos adultos, nos jovens e, por vezes, nas crianças. Quando a febre reumática é a causa da estenose da válvula mitral, as lâminas finas (valvas) que compõem a válvula fundem-se de forma parcial.
A estenose mitral pode também ser congênita. As crianças que nascem com esta perturbação raramente sobrevivem mais de 2 anos, a não ser que se pratique uma intervenção cirúrgica. Um mixoma (um tumor benigno que aparece na aurícula esquerda) ou um coágulo podem obstruir a corrente sanguínea na válvula mitral e produzir efeitos semelhantes à estenose.
Sintomas e Diagnóstico
Se a estenose for grave, o aumento da pressão na aurícula esquerda e nas veias dos pulmões provoca insuficiência cardíaca e, por conseguinte, acumula-se líquido nos pulmões (edema pulmonar). Se uma mulher com estenose grave da válvula mitral ficar grávida, a insuficiência cardíaca desenvolve-se com rapidez. Por outro lado, a insuficiência cardíaca associa-se à fadiga e a uma dificuldade em respirar. No início, a falta de respiração verifica-se só durante a atividade física, mas progressivamente os sintomas ocorrem mesmo durante o repouso. Em alguns casos, a respiração adequada só se consegue quando o doente está sentado ou meio encostado a algumas almofadas. Um tom arroxeado nas maçãs do rosto sugere que uma pessoa sofre de uma estenose da válvula mitral. A hipertensão nas veias pulmonares pode fazer com que estas ou os capilares sofram rupturas e se verifique uma hemorragia nos pulmões, seja pouco importante ou maciça. Por último, o aumento do volume da aurícula esquerda pode provocar uma fibrilação auricular (um batimento rápido e irregular).
Com o fonendoscópio pode ouvir-se um sopro característico quando o sangue passa da aurícula esquerda através da válvula apertada. Ao contrário de uma válvula normal, que se abre silenciosamente, esta válvula produz um som semelhante ao de um estalido de cada vez que se abre para permitir o fluxo de sangue da aurícula para o ventrículo esquerdo. O diagnóstico confirma-se com um electrocardiograma, uma radiografia do tórax que mostra uma aurícula dilatada ou com um ecocardiograma (uma técnica de obtenção de imagens através de ultra-sons). Algumas vezes é necessário um cateterismo cardíaco para determinar a extensão e características da obstrução.
Prevenção e Tratamento
A estenose mitral só se pode prevenir evitando o aparecimento da febre reumática, uma doença infantil que, por vezes, se manifesta depois de uma infecção estreptocócica da garganta não tratada.
A administração de fármacos como os betabloqueadores, a digoxina e o verapamil retardam o ritmo do coração e controlam a fibrilação auricular. Se aparecer insuficiência cardíaca, a digoxina fortalece também os batimentos. Os diuréticos reduzem a pressão do sangue nos pulmões ao diminuírem o volume de sangue em circulação.
Se o tratamento farmacológico não reduzir os sintomas, é necessário reparar ou substituir a válvula. Pode dilatar-se a abertura da válvula através de um processo denominado valvuloplastia. Neste procedimento, introduz-se dentro do coração por via endovenosa um cateter com um balão na ponta. Uma vez situado na válvula, o balão é insuflado separando-se os bordos da mesma no ponto onde se tinham fundido. As valvas podem também separar-se através de uma operação; se a válvula estiver demasiado lesionada, pode substituir-se cirurgicamente por uma válvula mecânica ou de origem porcina.
Em caso de estenose da válvula mitral, administram-se antibióticos a título preventivo antes de qualquer procedimento dentário ou cirúrgico, para reduzir o risco de infecção da válvula.