DOENÇAS
Problemas na Infância: Comportamento Suicida

O comportamento suicida compreende os gestos de suicídio (acções suicidas que não têm intenção de ser mortais), as tentativas de suicídio (acções que têm a intenção de ser mortais, mas que não têm êxito) e o suicídio consumado (acto com o qual uma pessoa tira a vida a si mesma).

O comportamento suicida é frequente entre crianças mais velhas, sobretudo entre os adolescentes. A taxa de suicídios nas crianças, sobretudo nos rapazes e especialmente entre os adolescentes (de 15 a 19 anos), aumentou em 50 % entre 1970 e 1990. O suicídio constitui a segunda causa de morte juvenil depois dos acidentes. Aproximadamente 14 em cada 100 000 adolescentes levam a cabo tentativas de suicídio. Os rapazes tentam-no quatro vezes mais que as raparigas. Além disso, muitas mortes atribuídas a acidentes de viação ou ao uso de armas de fogo na realidade são suicídios.

Causas

A tentativa de suicídio é um sinal claro de doença mental, habitualmente uma depressão. O comportamento suicida, em geral, manifesta-se com base numa perda, como seja a de um companheiro ou companheira sentimental, a de ambientes familiares (escola, bairro, amigos) depois de uma mudança geográfica ou da perda da auto-estima depois de uma discussão familiar. A angústia provocada por uma gravidez não desejada pode levar a comportamento suicida. Outro factor pode ser uma falta absoluta de rumo, estrutura e limites impostos pelos pais ou por outras figuras autoritárias. Algumas famílias exercem uma pressão excessiva para conseguir o êxito. Se a criança acredita que tem poucas possibilidades de o conseguir, pode desviar-se para uma tentativa de suicídio. Um episódio disciplinar humilhante também pode levar a uma tentativa de suicídio. Um motivo frequente é o desejo de manipular ou castigar outros com a crença de que «vão lamentá-lo depois de eu ter morrido».

Por vezes, o suicídio pode dever-se à imitação dos outros por parte da criança. Por exemplo, um suicídio a que se dê muita publicidade, como o de uma pessoa célebre, é seguido muitas vezes de outros suicídios. Também se podem produzir irrupções de suicídio em pouco tempo entre jovens de uma escola secundária ou entre estudantes em regime de internato.

Prevenção

Os pais, médicos, professores e amigos podem encontrar-se numa situação que lhes permite identificar as crianças ou os adolescentes que possam tentar chegar ao suicídio. Por exemplo, podem notar mudanças recentes no comportamento. Qualquer gesto suicida deve ser levado a sério. Declarações tais como «oxalá nunca tivesse nascido» ou «gostaria de adormecer e nunca mais acordar» podem ser sintomas de uma possível tentativa de suicídio. Uma criança corre um maior risco ainda se algum membro da família, um amigo próximo ou um conhecido se suicidou. Também pode influir a morte de um familiar ou a existência de problemas de dependência de drogas ou de perturbações do comportamento.

Perguntar directamente a uma criança sobre os seus pensamentos e planos suicidas reduz o risco de que esta tente suicidar-se. Também são úteis os programas de participação comunitária que apoiam os jovens que sofrem problemas destes. Muitas comunidades dispõem de serviços telefónicos que oferecem ajuda 24 horas por dia.

Tratamento

Cada tentativa de deixar a vida representa uma urgência. Uma vez que a ameaça foi ultrapassada, o médico decide a hospitalização da criança. Esta decisão depende do risco de permanecer em casa e da capacidade da família para lhe proporcionar apoio. A gravidade de uma tentativa de suicídio pode ser estabelecida tendo em conta diversos factores, por exemplo, se essa tentativa não foi espontânea, mas cuidadosamente planeada, ou segundo o método utilizado (uma arma é indício de uma tentativa mais séria do que uma dose excessiva de medicamentos), e se, efectivamente, se produziu qualquer tipo de lesão.

É mais provável conseguir um resultado favorável se a família dá mostras de carinho e preocupação. Uma reacção negativa ou de falta de apoio por parte dos pais tende a piorar a situação. Em alguns casos, a hospitalização pressupõe a melhor protecção. Esta recomenda-se sobretudo se a criança está muito deprimida ou sofre de outra perturbação de saúde mental, como a esquizofrenia. O psiquiatra e o médico de família trabalham habitualmente juntos no cuidado da criança. A recuperação compreende o restabelecimento moral e da tranquilidade emocional no seio da família.

Mudanças de comportamento que sugerem a possibilidade de suicídio:

Desalento.
Baixa auto-estima.
Alterações do sono e do apetite.
Impossibilidade de concentração.
Ausência, sem autorização, da escola.
Sintomas físicos como dores de cabeça.
Preocupações relacionadas com a morte e o suicídio.