DOENÇAS
Problemas na Infância: Perturbações dos Ouvidos, Nariz e Garganta

Nas crianças, várias perturbações podem afectar os ouvidos, o nariz e a garganta. A capacidade auditiva é examinada pouco depois do nascimento e, posteriormente, de forma regular. A surdez apresenta-se ao nascer em 1 em cada 1000 nascimentos com vida e pode derivar do vírus da rubéola, da falta de oxigénio ou de uma lesão produzida durante o nascimento, de certos medicamentos administrados à mãe durante a gravidez, da doença hemolítica do feto, assim como das infecções ou de doenças hereditárias.

A detecção e o tratamento prematuros, caso sejam possíveis, são importantes porque a linguagem aprende-se melhor em idade precoce. As infecções do ouvido são frequentes em crianças pequenas, sobretudo nas que têm entre 3 meses e 3 anos. As crianças também podem desenvolver infecções que afectam o nariz e a garganta.
As crianças pequenas podem introduzir objectos estranhos no ouvido ou no nariz, o que pode causar dor, infecção ou uma secreção. Os tumores não cancerosos podem desenvolver-se no nariz dos jovens na puberdade (angiofibromas juvenis) ou na caixa da voz (região orofaríngea) de crianças ainda mais pequenas de qualquer sexo (papilomas juvenis).

Objectos Estranhos no Nariz

As crianças, em geral, introduzem objectos no nariz, alguns dos quais são fáceis de ver e de retirar, enquanto outros podem situar-se muito acima ou não ser vistos. Os objectos que se encontram na parte alta do nariz podem causar derrames sanguíneos nauseabundos por um orifício nasal. Com o tempo, um objecto estranho no nariz pode cobrir-se de sais minerais de secreções nasais, produzindo uma concentração nasal (rinólito). Os rinólitos são difíceis de eliminar porque tendem a moldar-se de acordo com a forma do interior do nariz. Para a extracção habitualmente é preciso recorrer a anestesia geral.

Angiofibromas Juvenis

Os angiofibromas juvenis, que se apresentam quase exclusivamente em jovens do sexo masculino durante a puberdade, são tumores que crescem na região posterior do nariz.

Embora sejam tumores benignos, podem destruir o tecido da mucosa nasal, derivando em hemorragias (epistaxe).

O tumor também pode obstruir o fluxo de ar. À medida que cresce, pode estender-se aos seios próximos, à cavidade ocular ou à área que contém o cérebro (cavidade craniana).

O médico pode suspeitar que uma criança apresente angiofibroma quando se produzem hemorragias nasais recorrentes e se manifesta respiração obstruída. O tumor pode ser detectado por meio de tomografia axial computadorizada (TAC) ou através de uma imagem de ressonância magnética (RM).

Os vasos sanguíneos que irrigam o tumor e a sua possível extensão para a cavidade ocular ou craniana podem ser detectados submetendo o paciente a uma angiografia, um tipo de radiografia na qual uma substância radiopaca, visível em radiografias, é injectada nos vasos sanguíneos que rodeiam o tumor.

Embora o angiofibroma por vezes se retraia à medida que a criança cresce, o tratamento é quase sempre necessário. O melhor tratamento consiste em bloquear a artéria que irriga o tumor (embolização angiográfica) e depois extrair o tumor cirurgicamente.

Contudo, a terapia de radiação pode utilizar-se se o tumor se estender à cavidade craniana e não puder ser extraído.

Papilomas Juvenis

Os papilomas juvenis são tumores não cancerosos (benignos) da caixa da voz (laringe).

Os papilomas são causados por um vírus e podem aparecer em crianças de apenas 1 ano de idade. Um papiloma pode causar rouquidão, ocasionalmente de suficiente gravidade para impedir de falar, e pode obstruir a passagem do ar.

Chega-se ao diagnóstico mediante a utilização de um laringoscópio, com o qual se observa a laringe e se leva a cabo uma biopsia do papiloma.

Os papilomas localizados em pontos diferentes podem crescer tanto que uma traqueotomia (procedimento cirúrgico pelo qual se pratica uma abertura na traqueia) pode ser necessária para facilitar a respiração. O tratamento consiste na extracção cirúrgica ou na vaporização dos papilomas com laser. O seu reaparecimento é frequente, mas na puberdade estes desaparecem por si mesmos.