O sistema endócrino engloba um grupo de glândulas e de órgãos que segregam hormonas para o fluxo sanguíneo. As glândulas principais são a hipófise (controlada pelo hipotálamo), a tireóide, a paratireóide, os ilhéus do pâncreas (que produzem insulina), as glândulas supra-renais, os testículos nos homens e os ovários nas mulheres. Os hormoios segregados por estas glândulas controlam o crescimento físico, a função sexual, o metabolismo e outras funções. Muitas dos problemas endócrinos que afetam os adultos afetam também as crianças, mas podem provocar sintomas diferentes.
A hipófise, uma glândula do tamanho de uma ervilha e localizada na base do cérebro, produz determinada quantidade de hormônios. Algumas, como a corticotropina, a hormônio estimulante da tireóide, a foliculoestimulante e a luteinizante, controlam a função de diferentes glândulas endócrinas, estimulando-as a produzir outros hormônios. A hormônio do crescimento, outra pituitária, assegura o crescimento durante a infância.
A função pituitária inadequada denomina-se hipopituitarismo. Nas crianças, o hipopituitarismo pode ser provocado por um tumor pituitário benigno (craniofaringioma), por uma lesão ou por uma infecção, ou então pode ter uma causa não identificável . Raramente, o hipopituitarismo (e a diabetes insípida aparece como componente da doença de Hand-Schüller-Christian), que afecta pequenas áreas ósseas e pulmonares, bem como a função da hipófise.
Se a hipófise funcionar deficientemente antes da puberdade, o crescimento atrasa-se, as características sexuais não se desenvolvem e o funcionamento das glândulas tireóide e supra-renais torna-se inadequado. Depois da puberdade, a função pituitária deficiente pode ser causa da diminuição do desejo sexual, da impotência e da regressão do tamanho testicular.
No pan-hipopituitarismo, a produção de todos os hormônios pituitários diminui ou cessa. Este problema pode ocorrer quando toda a glândula sofre alguma lesão.
Por vezes, falta apenas uma das hormônios da hipófise. Por exemplo, se faltar só a luteinizante (insuficiência isolada da hormônio luteinizante), os testículos desenvolvem-se e produzem esperma, pois estas funções são controladas pela hormônio foliculoestimulante, mas estes não produzem testosterona suficiente. Esta hormônio estimula o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, como a gravidade da voz, o crescimento do pêlo facial e a maturação do pénis. Por conseguinte, as crianças que sofrem deste problema não desenvolvem estas características. Os braços e as pernas anormalmente compridos podem ser outro sintoma desta deficiência.
A hormônio do crescimento também pode ser insuficiente. No nanismo pituitário, a hipófise produz quantidades inadequadas de hormônio do crescimento, o que provoca um crescimento anormal, estatura baixa com proporções normais. A maioria das crianças de baixa estatura, no entanto, têm um funcionamento normal da hipófise e são baixas porque o seu crescimento é tardio ou porque os seus pais também o são relativamente.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas do funcionamento inadequado da hipófise variam conforme a hormônio que escasseia. Por exemplo, nas crianças que não têm a hormônio estimulante da tireóide, o crescimento pode alterar-se e o desenvolvimento mental pode ser limitado.
A idade em que as deficiências se manifestam também influi sobre os sintomas que daí advêm. As consequências no feto são diferentes das que se registam no recém-nascido ou numa criança mais velha.
Quando se suspeita de uma função pituitária inadequada, o médico prescreve uma análise ao sangue para medir os valores dos hormônios. A quantificação do valor do hormônio do crescimento nem sempre é útil ou indicativa de uma deficiência porque o corpo produ-la em breves estalidos que elevam o seu valor e o reduzem rapidamente. Para detectar uma escassez da hormônio do crescimento, pode-se medir o valor do factor I de crescimento semelhante à insulina (IGF-I). Algumas hormônios pituitários são quantificadas diretamente, outras são medidas repetidamente entre uma e duas horas depois de um estímulo específico administrado por via oral ou por injecção. Podem-se obter radiografias da mão para determinar a idade óssea (esta indica se os ossos continuam a crescer e quanto vão crescer). Uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou uma ressonância magnética (RM) da cabeça podem detectar um tumor ou outra anomalia estrutural na hipófise ou perto dela.
Tratamento
As crianças com deficiência de um determinado hormônio pituitário podem receber um hormônio sintética idêntica para a repor. Por exemplo, as crianças que são baixas devido a uma carência do hormônio do crescimento podem receber hormônio do crescimento sintética. Podem crescer entre 10 cm e 15 cm durante o primeiro ano de tratamento, embora o crescimento posterior seja mais lento. A administração do hormônio do crescimento não é apropriada para crianças baixas com valores normais da mesma. Actualmente, estão a ser investigados novos tratamentos que estimulam a sua produção natural pelo organismo.
Podem ser repostas tanto os hormônios pituitários ausentes como as que dependem dela. Normalmente, prefere-se a segunda alternativa. Por exemplo, uma criança que não possa produzir hormônio estimulante da tireóide recebe hormônio tireóide. A testosterona é indicada para um homem incapaz de produzir hormônio foliculoestimulante e hormônio luteinizante, e estrogénios para uma menina que não possa produzir nenhuma destas duas.