A úlcera péptica é uma ferida bem definida, circular ou oval, que aparece porque o revestimento do estômago ou do duodeno foi lesionado ou corroído pelos ácidos gástricos ou pelo sucos duodenais.
No recém-nascido, o primeiro sintoma de úlcera péptica pode ser a presença de sangue nas fezes. Se a úlcera perfurar o estômago ou o intestino delgado, o bebê pode mostrar sintomas de dor. É provável que o bebê tenha febre. Em bebês maiores e em crianças pequenas, a presença de sangue nas fezes pode ser acompanhada por vómitos ou por dores abdominais repetidas. Frequentemente, a dor agrava-se ou melhora ao comer e pode também acordar a criança durante a noite. Aproximadamente 50 % das crianças com úlcera no duodeno, a parte do intestino delgado que se encontra perto do estômago, tem familiares directos com o mesmo problema.
Muitas crianças com úlcera crónica estão infectadas com um tipo de bactéria chamada Helicobacter pilorii. Não está confirmado se as bactérias são a causa da úlcera ou se simplesmente evitam a sua cura, mas verificou-se a influência da erradicação das bactérias na cura das úlceras recorrentes.
Diagnóstico e Tratamento
As úlceras pépticas nos bebês e nas crianças pequenas são difíceis de diagnosticar, possivelmente porque as crianças pequenas não podem descrever os sintomas de forma precisa. As crianças em idade escolar podem indicar a localização da dor, descrevê-la e explicar se a dor se produz num momento específico do dia e se está relacionada com a alimentação.
Quando se pensa que uma criança tem uma úlcera péptica, um estudo radiográfico com bário pode confirmar o diagnóstico. Neste procedimento, a criança bebe um líquido que contém bário, substância que delimita o estômago ao observá-lo numa radiografia. Se a radiografia for normal e o médico continuar a suspeitar da presença de uma úlcera, pode fazer-se uma endoscopia do estômago. Uma criança com menos de 8 anos recebe normalmente anestesia geral para minimizar o movimento e a dor durante o processo.
O tratamento de uma úlcera péptica é, para as crianças, o mesmo que para os adultos. Normalmente, consiste em bloqueadores H2, como a ranitidina, a famotidina e a cimetidina. Em vez de submeter a criança ao trauma e ao incómodo dos processos de diagnóstico, o médico pode dar por certo que a criança tem uma úlcera péptica e começar o tratamento com bloqueadores H2. Se os sintomas desaparecerem depois do tratamento, o diagnóstico confirma-se.
Para as crianças que tiverem Helicobacter pilorii, várias semanas de terapia dual com amoxicilina e metronidazol ou com amoxicilina e bismuto devem erradicar a bactéria. Em alguns casos, utiliza-se a tripla terapia com amoxicilina, metronidazol e bismuto.