DOENÇAS
Infecções - Perturbações Provavelmente Causadas: Síndrome de Reye

A síndrome de Reye é uma afecção rara mas muito grave e com frequência mortal, que provoca inflamação do cérebro e acumulação rápida de gorduras no fígado.

Embora se desconheça a causa da síndrome de Reye, certos vírus, como os vírus A e B da gripe ou o vírus da varicela, podem estar implicados, talvez em combinação com a ingestão de aspirina, a qual pode aumentar até 35 vezes o risco de contrair a síndrome de Reye. Precisamente devido ao risco da síndrome de Reye, o uso de aspirina ou de compostos similares (chamados salicilatos) em crianças e adolescentes é considerado potencialmente perigoso. No entanto, em alguns casos específicos pode ser necessário utilizar estes fármacos.

A síndrome de Reye foi descoberta em 1963 e sabe-se que desde 1974 até 1984 afectou entre 200 e 550 crianças por ano em alguns países desenvolvidos. Actualmente, é considerado um processo muito raro, pois afeta menos de 20 crianças por ano nestes países, em parte porque as crianças agora tomam medicamentos que não são aspirina quando necessitam de um analgésico ou de um antipirético.

A síndrome de Reye normalmente afeta as crianças e os adolescentes. No entanto, por vezes também afeta os adultos. A maioria dos casos ocorre no fim do Outono e durante o Inverno. Os surtos importantes afetaram pessoas com gripe e com varicela. Um irmão de uma pessoa que tenha tido a síndrome de Reye é ligeiramente mais propenso a contraí-la. Não se sabe se esta tendência ocorre porque a infecção passa de um irmão para outro, se é porque os irmãos partilham uma exposição a uma determinada toxina ou porque existe um componente hereditário.

Sintomas e Diagnóstico

A gravidade da síndrome de Reye varia muito. Normalmente, primeiro produz-se uma infecção viral, podendo ser uma infecção das vias respiratórias altas, uma gripe ou a varicela. Depois, normalmente 4 ou 5 dias depois, a criança tem náuseas e vómitos muito intensos. À medida que os vómitos diminuem ao longo de aproximadamente um dia, a criança entra em estado de confusão, que por vezes é seguido de desorientação, agitação e, mais tarde, convulsões e coma. Quando a síndrome aparece depois da varicela, os sintomas normalmente começam 4 ou 5 dias depois de aparecer a erupção. A morte pode ocorrer rapidamente (em 4 dias após o internamento no hospital), embora alguns casos possam ser ligeiros.

O médico suspeita da síndrome de Reye se uma criança tiver vómitos intensos e sinais de inflamação cerebral súbita sem uma explicação razoável. Para diagnosticar a síndrome de Reye, é provável que se tenha de fazer uma biopsia ao fígado e uma punção na coluna vertebral (punção lombar).

Prognóstico

O prognóstico da criança depende da gravidade das alterações mentais e da sua velocidade de progressão. O prognóstico também depende da pressão dentro do crânio e da quantidade de amoníaco no sangue (as altas concentrações de amoníaco indicam uma função hepática anormal). As possibilidades de a criança morrer são, aproximadamente, de 20 %, mas oscilam desde menos de 2 % em crianças com doença ligeira a mais de 80 % nas que estão em coma profundo.

As crianças que sobrevivem à fase aguda da doença normalmente têm uma recuperação completa. Quem sofre convulsões pode desenvolver mais tarde algum sinal de dano cerebral, como um atraso mental, um problema com convulsões, movimentos musculares anormais ou dano em determinados nervos. A síndrome de Reye quase nunca afeta duas vezes a mesma criança.

Tratamento

Nenhum tratamento específico pode deter o curso da síndrome de Reye. O diagnóstico precoce e o cuidado intensivo para facilitar as funções vitais, como a circulação do sangue e a respiração, são fundamentais. São administrados líquidos por via endovenosa, juntamente com electrólitos e glicose. Também se fornece vitamina K para prevenir a hemorragia e podem dar-se fármacos, como manitol, corticosteróides (como dexametasona) ou glicerol para reduzir a pressão dentro do cérebro. A respiração da criança pode ter de ser apoiada com um respirador artificial. Em geral, o pessoal do hospital coloca tubos (cateteres) nas artérias e veias da criança para controlar a tensão arterial e os gases do sangue.