A febre de origem desconhecida nas crianças é a temperatura rectal, no mínimo, de 38,5ÞC pelo menos por quatro vezes durante um mínimo de duas semanas ou mais sem uma causa identificável.
As febres efémeras, muitas vezes provocadas por infecções das vias respiratórias altas, são frequentes nas crianças. A febre de origem desconhecida dura mais tempo e requer uma avaliação médica extensa, pois pode ser sinal de uma doença grave.
Causas
Regra geral, em aproximadamente 50 % das crianças com febre de origem desconhecida é diagnosticada uma infecção. A infecção difere dependendo da idade da criança. Em 65 % das que têm 6 anos ou menos, a causa é uma infecção viral, normalmente das vias respiratórias altas (os seios, o nariz e a garganta). As crianças com mais de 6 anos de idade têm mais tendência para sofrer de uma infecção na membrana que reveste o coração por dentro (endocardite) ou de uma mononucleose infecciosa.
Normalmente, nas crianças com mais de 6 anos as doenças auto-imunes provocam cerca de 20 % dos casos de febre de origem desconhecida. Os exemplos de doenças auto-imunes que podem causar febre de origem desconhecida incluem a artrite reumatóide juvenil, a doença inflamatória do intestino e o lúpus eritematoso sistémico.
O cancro, normalmente uma leucemia ou um linfoma, provoca aproximadamente 10 % dos casos de febre de origem desconhecida nas crianças. Outras causas, que são responsáveis por aproximadamente 10 % dos casos, incluem alergias aos medicamentos, síndroma de Kawasaki, doenças genéticas e inflamação de vários órgãos, como os ossos, a tiróide, o pâncreas, o cérebro ou a espinal medula. Em aproximadamente 15 % das crianças, nunca se chega a conhecer a causa da febre de origem desconhecida, apesar de se fazerem exames minuciosos.
Sintomas e Diagnóstico
A febre de origem desconhecida distingue-se doutras febres pela sua persistência. Muitas vezes, a febre aparece e desaparece durante pelo menos duas semanas. Certos sintomas vagos, como a perda do apetite, a perda de peso, a fadiga, os calafrios e os suores, são muito frequentes. Estes sintomas gerais nem sempre servem para identificar a causa. No entanto, o estudo minucioso dos sintomas, das doenças anteriores e da exposição a medicamentos, alimentos, animais domésticos, animais selvagens, viagens e pessoas doentes (em combinação com minuciosos e repetidos exames físicos) costumam ser úteis para diagnosticar a causa da febre. A duração, os graus e o tipo da febre também podem ser úteis para chegar ao diagnóstico. Os problemas de pele, como a comichão, uma erupção ou um aumento da pigmentação (escurecimento), podem ser sinais de uma infecção ou de uma doença subjacente, como um cancro ou uma doença auto-imune.
A dor de peito ou a presença de um sopro no coração também podem indicar uma doença subjacente grave, como uma infecção da membrana que reveste o coração por dentro (endocardite). As análises ao sangue e à urina e as radiografias efectuadas em função dos dados obtidos pela história clínica e pelo exame físico têm amiúde de ser repetidos várias vezes antes de chegar ao diagnóstico final e, com frequência, a criança deve ser hospitalizada para se seguir o seu estudo.
Prognóstico e Tratamento
O prognóstico depende da causa. A maioria dos casos de febre de origem desconhecida deve-se a uma doença frequente da infância. Estas crianças recuperam com a terapia apropriada, que pode incluir antibióticos ou não. Em geral, é administrado paracetamol para baixar a temperatura.