A síndrome nefrítica rapidamente progressiva (glomerulonefrite rapidamente progressiva) é uma perturbação pouco frequente em que os glomérulos, na sua maior parte, estão parcialmente destruídos, provocando insuficiência renal grave com presença de proteínas, sangue e aglomerados de glóbulos vermelhos (cilindros) na urina.
A síndrome nefrítica rapidamente progressiva faz parte de uma perturbação que afecta outros órgãos, além dos rins, em aproximadamente 40 % dos casos. Em 60 % dos casos em que os rins são afectados, aproximadamente um terço parece ser causado por anticorpos que atacam os glomérulos; deste, cerca de metade deve-se a causas desconhecidas e o resto é provocado pelo depósito, nos rins, de anticorpos e antigénios que se formaram noutra parte do corpo (doença por complexos imunes).
Desconhece-se a causa pela qual o organismo produz anticorpos contra os seus próprios glomérulos. A produção destes anticorpos prejudiciais pode estar relacionada com infecções virais ou com perturbações auto-imunes, como o lúpus eritematoso sistémico. Em alguns indivíduos que desenvolvem anticorpos contra os seus próprios glomérulos, os anticorpos também reagem contra os alvéolos pulmonares, produzindo a síndroma de Goodpasture, um processo em que são afectados os pulmões e os rins. Os hidrocarbonetos, tais como o etilenoglicol, o tetracloreto de carbono, o clorofórmio e o tolueno, podem lesar os glomérulos, mas em contrapartida não provocam uma reacção imune nem a produção de anticorpos.
Sintomas e Diagnóstico
A fraqueza, o cansaço e a febre são os sintomas iniciais mais evidentes. As náuseas, a perda de apetite, os vómitos, a dor articular e a dor abdominal também são frequentes. Aproximadamente em 50 % dos casos, um mês antes de aparecerem os sinais de insuficiência renal houve uma doença de tipo gripal. Estas pessoas têm inchaço (edema) provocado pela retenção de líquidos e, geralmente, produzem muito pouca urina.
A hipertensão arterial é pouco frequente e quase nunca é grave quando se manifesta. Se os pulmões estiverem afectados (síndroma de Goodpasture), é frequente tossir e cuspir com sangue e apresentar dificuldade em respirar.
Com frequência vê-se sangue na urina e também é possível encontrar grupos de glóbulos vermelhos num exame microscópico da mesma. As análises de sangue detectam anemia, por vezes grave, e geralmente também um número anormalmente elevado de glóbulos brancos. As análises de sangue para avaliar a função renal detectam a acumulação de produtos tóxicos residuais.
No princípio, a ecografia ou as radiografias podem evidenciar um aumento do tamanho dos rins, mas depois vão-se reduzindo gradualmente. Muitas vezes, extrai-se uma amostra de tecido renal com uma agulha e envia-se ao laboratório para exame ao microscópio (biopsia) a fim de confirmar o diagnóstico e assegurar-se que a pessoa não sofre de outra afecção que poderia ser tratada eficazmente.
Prognóstico
O prognóstico realiza-se tendo em conta a gravidade dos sintomas, que são muito variáveis. Como os sintomas iniciais são subtis, muitas pessoas que sofrem desta doença não se dão conta de que estão doentes e não vão ao médico até que a insuficiência renal se agrava. Os indivíduos que desenvolvem insuficiência renal morrem no curso de poucas semanas, a menos que sejam submetidos a diálise.
O prognóstico também depende da causa e da idade da pessoa afectada. Quando a causa é uma doença auto-imune, em que o organismo produz anticorpos contra as suas próprias células, o tratamento, em geral, melhora a situação. Quando a causa é desconhecida ou a pessoa é de idade avançada, o prognóstico é grave. Geralmente, os casos não tratados desenvolvem insuficiência renal ao fim de dois anos.
Tratamento
Quando os médicos suspeitam de uma síndroma nefrítica rapidamente progresiva, leva-se a cabo uma biopsia renal o mais depressa possível, de modo a poder-se confirmar o diagnóstico, estabelecer o prognóstico e definir o tratamento. Também se efectuam análises de sangue para a detecção de anticorpos e exames para a detecção de infecções.
Quando os resultados da biopsia mostram uma doença grave dos glomérulos, inicia-se imediatamente um tratamento com medicamentos para obter a máxima eficácia. Como norma geral, administram-se corticosteróides por via endovenosa em doses elevadas durante uma semana, aproximadamente, e, depois, por via oral. Pode-se também dar ciclofosfamida ou azatioprina, medicamentos que inibem o sistema imunitário. Além disso, também se pode realizar uma plasmafére se, procedimento em que se retira sangue do corpo, se filtra através de um aparelho que extrai os anticorpos e depois se devolve ao corpo.
Se a doença evoluiu para uma etapa mais avançada, a diálise pode ser o único tratamento útil. A alternativa é o transplante do rim, embora a doença original possa afectar o rim transplantado.